AS BASES DE UMA IGREJA GENUINAMENTE CRISTÃ

À luz das Escrituras sagradas, uma igreja genuinamente cristã é aquela que exibe uma nítida consciência acerca do seu chamado. Noutras palavras, ela sabe que foi Deus quem a constituiu por meio da ação sobrenatural do Espírito Santo que, por sua vez, instrumentalizou-se da pregação da palavra, do glorioso evangelho da salvação que o Pai concede na pessoa do seu Filho amado Jesus Cristo. E, tudo em sintonia com o decreto feito por Deus na eternidade, no qual ele decide salvar um povo e firmar com ele uma eterna e inquebrantável aliança. Neste sentido, transcendendo a mera condição de uma organização humana, a igreja é uma instituição divina, o corpo vivo do Salvador, formada por pessoas que, verdadeiramente, foram regeneradas; nasceram de novo; passaram da morte para a vida; e, embora ainda sejam imperfeitas e machadas pelas nódoas do pecado, já foram purificadas pelo sangue de Jesus Cristo; e, ato contínuo, estão experimentando o progressivo e dinâmico processo da santificação. Uma igreja genuinamente cristã é aquela que adora unicamente a Deus; e o faz no poder do Espírito Santo e pela mediação perfeita operada pelo Senhor e Salvador Jesus Cristo. Essa adoração tanto se cristaliza no momento solene do culto público prescrito e convocado pelo Senhor, por meio de louvores harmonizados com os ditames bíblicos, como deve ser a expressão de uma vida inteiramente consagrada ao Senhor, comprometida com os santos valores do seu reino e com a promoção, em todas as coisas, da justa glória de Deus, do louvor incondicional da sua esplêndida majestade e do modo providencialmente sábio, santo e amoroso como ele governa todas as coisas. Uma e outra realidade interpenetram-se reciprocamente, de maneira que se não há adoração na vida, a adoração gestada no culto não passa de encenação vazia e sem nenhum valor diante de Deus. Uma igreja genuinamente cristã é aquela que, balizada pelas Escrituras sagradas, proclama, quer oportuno, quer não, única e exclusivamente, o evangelho simples e poderoso da cruz do calvário, no qual Jesus Cristo pontifica como o indesviável centro. Por esse viés, tal igreja, adornada pela graça do discernimento espiritual sabiamente exercitado, não se deixará, em momento algum, seduzir pela multiplicidade dos falsos evangelhos, que não param de surgir todos os dias, forjados pela vã imaginação humana. “Evangelhos” divorciados da Bíblia sagrada e inteiramente desaprovados pelo Senhor. Sendo assim, tal igreja haverá de se nutrir por forte e ardente paixão pelas almas dos pecadores que, distantes de Deus, caminham para a perdição eterna. A verdadeira igreja sabe que em todos os lugares da terra há ovelhas do Senhor; e que elas, pela instrumentalidade da pregação do evangelho, reconhecerão a voz do Bom Pastor e se apegarão a ele em atitude de arrependimento e fé. E, firmada nessas imutáveis verdades da graça, a genuína igreja de Jesus Cristo prega o evangelho, enfrenta os exércitos do inimigo e descansa no agir soberano e sobrenatural do Deus a quem ela serve. A verdadeira igreja de Jesus Cristo cultiva e põe em prática, ainda que de maneira limitada, o amor, distintivo do cristão verdadeiro, fruto do Espírito Santo, mandamento do Senhor, graça preciosa que Deus derramou em nossos corações por meio do Espírito Santo, que nos foi outorgado, conforme doutrinação inspirada do apóstolo Paulo. Se não há amor entre irmãos que professam a mesma fé, nosso cristianismo pode não ser mais do que mera religiosidade, quando não, o que é bem pior, hipocrisia consentida e celebrada. Esse amor faz com que a igreja seja capaz de administrar os conflitos que emergem em seu seio, de forma bíblica, sem belicosidades, nem espírito faccioso e glorificador das contendas. Conflitos são inevitáveis, onde quer que haja ajuntamento de pessoas. O que depõe contra a igreja não é que o conflito surja, mas sim a entronização das desavenças, o fomento deliberado e ímpio de situações que só servem mesmo para comprometer a unidade do corpo de Cristo. Unidade que é a essência da natureza do relacionamento vivenciado pela Trindade desde toda a eternidade. Unidade, pela qual Jesus Cristo orou na sublime Oração Sacerdotal, e que é indício explícito da maturidade de uma igreja cristã. Quem promove a unidade do povo de Deus é o Espírito Santo. Contudo, cada um de nós deve ser um agente efetivo da unidade, e não uma pedra de tropeço, um veículo de desagregação, que se compraz em ver a igreja despedaçada e sangrando no altar espúrio da desunião e das brigas constantes. Uma verdadeira igreja tem zelo pela glória de Deus, daí a valorização que ela deve conferir à prática da disciplina eclesiástica, instrumento bíblico que visa levar o transgressor ao arrependimento, ao abandono do pecado, à restauração e ao retorno á comunhão com o Senhor e com os demais membros da igreja. Visa, de igual modo, infundir temor na comunidade, a fim de que ela medite, profundamente, na seriedade do pecado e no quanto ele é ultrajante à santidade de Deus. Uma igreja genuína administra, com fidelidade, os sacramentos estabelecidos pelo Senhor Jesus Cristo: o batismo e a ceia da nova aliança, observando-os de conformidade com o que preceituam as Escrituras sagradas. Que Deus conceda-nos a graça de nos avaliarmos permanentemente, a fim de verificarmos se o nosso proceder compatibiliza-nos ou não com o padrão que a Escritura sagrada esculpe acerca do que efetivamente vem a ser uma genuína igreja cristã. SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER. JOSÉ MÁRIO DA SILVA PRESBÍTERO

O LEGADO DO CRISTÃO

EXEMPLOS DE PIEDADE / EXEMPLOS DE IMPIEDADE No salmo noventa, cujo autor é o profeta Moisés, somos informados de que “Os anos da nossa vida chegam a setenta, ou, para os que têm mais vigor, a oitenta; mas o melhor deles é cansaço e enfado; pois tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90.10). Aprendemos, aqui, que é Deus quem, providencialmente, estabelece o tempo da nossa existência. Aprendemos, de igual modo, que nossa vida terrena, por prolongada que seja, é breve, sumamente fugaz, irresistivelmente, passageira. Sendo assim, devemos refletir, seriamente, a respeito do nosso viver; do legado que pretendemos deixar neste mundo, depois que os nossos dias se findarem, e a porta da eternidade se abrir para nós. As Escrituras Sagradas estão repletas de exemplos de pessoas que aproveitaram o tempo que lhes foi concedido por Deus para imprimirem nele marcas de piedade e consagração ao Senhor. Outros, contudo, em direção contrária, assinaram pactos de convivência com a impiedade e legaram tristes exemplos de descompromisso com Deus e com os valores normativos da sua palavra. Vejamos alguns relatos bíblicos que ilustram tais realidades. No livro de Gênesis, a Escritura fala-nos acerca de um homem chamado Lameque, que tinha duas mulheres. Uma chamava-se Ada, a outra, Zila. Ele matou dois homens, de modo cruel. Ao tomar conhecimento de que Caim, também assassino, havia recebido do Senhor proteção, após ter tirado a vida de Abel, seu irmão, Lameque, em vez de vislumbrar no gesto do Senhor um exercício de bondade e de restrição ao mal, tomou-o como um convite à prática reiterada do pecado. Um salvo-conduto para continuar trilhando a senda da iniquidade. Triste exemplo de impiedade. No mesmo livro, há a história de Sete, mais um filho que Deus concedeu a Adão. Depois, Sete gerou a Enos. “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor” (Gênesis 4.26). Geração santa, semente celestial, sublime demonstração de piedade. Abraão, Ló e a mulher de Ló, três personagens, exemplos de impiedade e de piedade. Abraão e Ló, movidos pela contenda travada pelos pastores dos seus rebanhos, tiveram de separar-se, percorrer outras estradas, habitar outros espaços, conviver com outras geografias. Seduzido pela concupiscência dos olhos, “Ló escolheu para si todo o vale do Jordão, e partiu para o Oriente (Gênesis 13.11). Foi habitar nas cidades do vale, mudando suas tendas até chegar a Sodoma”, esquecendo-se de que “os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor” (Gênesis 13.12b). Abraão, por seu turno, “habitou na terra de Canaã” (Gênesis 13.12), preferindo colocar os seus olhos e firmar a sua fé no “Deus invisível, mas real”, que lhe havia feito graciosas e imutáveis promessas, a todas conferindo, no tempo por ele determinado, cabal e infalível cumprimento. Precioso exemplo de piedade. Já a mulher de Ló inseriu-se na história da redenção da forma mais trágica possível. Na hora crucial da sua vida, quando o justo juízo de Deus caía sobre as ímpias cidades de Sodoma e Gomorra, em vez de fixar os seus olhos no Senhor e abraçar, pela fé, a grande e imerecida salvação que lhe estava sendo ofertada na hora extrema da sua existência, preferiu olhar para trás, enamorar-se até o fim com o pecado, com o mundo, que, continuamente, “jaz no maligno”) 1 João 5.19b) e, na consumação de tudo, será condenado pelo Senhor de maneira definitiva. Ao virar uma estátua de sal, a mulher de Ló deu-nos um dramático exemplo de impiedade, próprio de alguém que amou o mundo e, por essa razão, tornou-se inimigo de Deus. Quando nos transportamos para o universo do Novo Testamento, os exemplos contrastantes multiplicam-se. De um lado, vemos uma mulher chamada Dorcas. Ela só é mencionada uma única vez no livro de Atos de Apóstolos, mas o suficiente para percebermos que a sua vida foi operosa. “ela fazia muitas boas obras e dava esmolas” (Atos 9.36). Seu exemplo de piedade era tão vivo que quando ela morreu, “todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando as roupas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas”. (Atos 9.39b). Posteriormente, o apóstolo Pedro faz uso dos dons extraordinários que Deus concedeu aos apóstolos, fazendo-os cessar depois, e ressuscita Dorcas. Eis-nos diante de um bonito exemplo de piedade. Mais adiante, nas epístolas pastorais, Paulo fala-nos de um homem chamado Alexandre, o latoeiro, que causou muitos males ao servo de Deus. Passou para a história como um mau obreiro, alguém descomprometido com o evangelho, que fez da impiedade o traço mais visível do seu ser/estar no mundo. Poderíamos arrolar inúmeros nomes de pessoas que viveram de forma digna do evangelho de Jesus Cristo; e de outras que, em direção contrária, escreveram, na história da revelação, capítulos de impiedade, de procedimentos destoantes dos santos caminhos do Senhor. O ponto central, entretanto, é o seguinte: e, quanto a nós, como temos vivido? Que legado deixaremos para os que nos sucederão na caminhada da fé, da esperança e do amor cristãos? Legado de piedade, inarredável compromisso com Jesus Cristo e o seu reino ou, ao contrário, de impiedade e vida de incompatibilidade com o padrão de santidade inerente ao caráter do Senhor? Que Deus nos ajude a meditar em realidades espirituais tão sérias e que têm implicações para toda a eternidade. SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER. JOSÉ MÁRIO DA SILVA PRESBÍTERO

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