A Preparação Para A Pedofilia.

Olavo de Carvalho

Agenda pedófila a todo vapor...
No Canadá, desde 2006, a idade mínima para o cidadãozinho poder ser convidado, sem crime, para participar de qualquer atividade sexual, incluindo sadomasoquismo, foi baixada para 14 anos. Prestem atenção: a liberação mundial da pedofilia está no programa das ONG´s milionárias e se tornará realidade antes de transcorrida uma década. O filme em louvor de Alfred Kinsey (foto), estrelado por Liam Neeson, já é pura preparação psicológica das massas para que aceitem isso sem reclamar. As pesquisas de Kinsey foram patrocinadas pela Fundação Rockefeller, que as impôs como verdade científica a todo o establishment universitário. Hoje sabe-se que Kinsey era pedófilo praticante, que abusou até de recém-nascidos e que subsidiou as “pesquisas de campo” feitas por um criminoso de guerra nazista, contratado por ele para ter relações sexuais com meninos e depois descrever suas reações. Descobriu-se também que suas descrições do comportamento sexual dos americanos não se basearam em pesquisas com pessoas comuns, mas com estupradores e molestadores de crianças, sendo depois falsamente apresentadas como retratos fiéis da média normal dos cidadãos. Em suma, Kinsey era um monstro, um psicopata perigoso. Depois de todas essas descobertas, jamais seriamente contestadas, fazer um filme glorificando o sujeito é, obviamente, estratégia de dessensibilização.

Pecado que Pecado?! Uma Análise Sobre Conceito de Pecado na Modernidade Palestras Para Jovens



 
A guerra contra a culpa

 
Nossa cultura declarou guerra contra a culpa. O próprio conceito é considerado medieval, obsoleto e inócuo. Geralmente, aqueles que têm problemas com sentimento de culpa recorrem a um terapeuta, cuja tarefa é melhorar a auto-imagem do paciente. Ninguém, afinal de contas, deve sentir-se culpado. A culpa não conduz à dignidade e nem à auto-estima. A sociedade encoraja o pecado, mas não tolera a culpa produzida por ele.

 
O Dr. Wayne Dyer, autor do megabest-seller, Your Erroneous Zones, parece ter sido uma das primeiras vezes influentes a desacreditar comple¬tamente a culpa. Ele denominou a culpa de o "mais inútil de todos os comportamentos da zona de erro". De acordo com o Dr. Dyer, a culpa não é nada além de uma neurose. "A zona da culpa", ele escreveu, "deve ser banida, varrida e esterilizada para sempre."

 
Como vamos limpar e esterilizar nossas zonas de culpa? Rejeitando o comportamento pecaminoso que faz com que nos sintamos culpados? Arrependendo-nos e buscando o perdão? Conforme o Dr. Dyer, não. De fato, sua solução para a culpa está muito longe do conceito bíblico de arrependimento. Seu conselho aos leitores que se sentem culpados é o seguinte: "Faça algo que você sabe que, com certeza, resultará em sentimento de culpa....Isole-se por uma semana, se você sempre quis fazer algo parecido — apesar dos protestos causadores de culpa dos outros membros da família. Este tipo de comportamento o ajudará a lidar com a culpa onipresente". Em outras palavras, afronte sua culpa. Se necessário, rejeite sua própria esposa e seus filhos. Ataque de frente o senso de auto-reprovação. Faça algo que com certeza o fará sentir-se culpado, e então rejeite a culpa, não atente aos gritos da consciência, aos deveres da responsabilidade familiar, ou até mesmo aos apelos dos seus queridos. Você deve isso a si mesmo.

 
Raramente a culpa é tratada com seriedade. Normalmente é retratada como um mero desgosto, um aborrecimento, um pequeno contratempo da vida. Recentemente, no nosso jornal local havia um artigo característico sobre a culpa. Era um texto leve, que tratava, na sua maioria, de pequenas indulgências como comidas caras, batatas fritas, dormir tarde e de outros "prazeres que nos fazem sentir culpados", como o artigo as chamava. Ele citava muitos psiquiatras e outros especialistas em mente. Todos caracterizavam a culpa como uma emoção infundada, que tem o potencial de tirar toda a alegria da vida.

 
Um catálogo de artigos da biblioteca relaciona artigos de revistas recentes com o título de Culpa: "Como não ser tão severo consigo mesmo", "A culpa pode levá-lo à loucura", "A negociação da culpa", "Livrando-se das culpas", "Pare de se desculpar", "Culpa: livre-se dela", "Não alimente o monstro da culpa" — e muitos outros títulos semelhantes.

 
Uma manchete da coluna de conselhos de um jornal chamou a minha atenção. Ela resumia a opinião universal da nossa geração: "NÃO É SUA CULPA". Uma mulher escreveu ao colunista para dizer que j á havia tentado todos os tipos de terapia que conhecia, mas ainda não tinha conseguido se livrar de um hábito auto-destrutivo.

 
A colunista respondeu: "O primeiro passo que você deve dar é parar de se culpar. Você não é culpada pelo seu comportamento compulsivo; recuse-se a aceitar a culpa — e acima de tudo, não se culpe — pelo que foge ao seu controle. Acumular culpa apenas aumenta o estresse, a baixa auto-estima, a preocupação, a depressão, o sentimento de imperfeição e a dependência dos outros.... Livre-se de seus sentimentos de culpa".

 
Atualmente, você pode libertar-se de quase todo tipo de culpa. Vivemos numa sociedade "sem falhas". Até Ann Landers escreveu:

 
Um dos exercícios mais dolorosos, auto-mutiladores, que consomem mais tempo e energia na experiência humana é a culpa....Ela pode arruinar o seu dia, sua semana ou sua vida, se você permitir. E como trazer à tona o azar quando você fez alguma coisa desonesta, prejudicial, descuidada, egoísta ou corrupta....Não importa se isso foi resultado de ignorância, estupidez, preguiça, negligência, fraqueza da carne ou covardia. Você fez algo errado e a culpa está lhe matando. Que pena! Mas esteja certo de que a agonia que você sente é muito natural....Lembre-se de que a culpa é um poluente e não precisamos mais disso no mundo.

 

 
Em outras palavras, você não deveria permitir a si mesmo sentir-se mal "quando faz algo desonesto, prejudicial, descuidado, egoísta ou corrupto". Pense em si mesmo como sendo bom. Talvez ignorante, obtuso, preguiçoso, negligente ou fraco — porém bom. Não polua sua mente com o pensamento debilitante de que talvez você seja culpado de alguma coisa.

 
Sem culpa, sem pecado

 
Esse tipo de pensamento tirou do discurso público palavras como pecado, arrependimento, contrição, expiação, restauração, redenção. Se se presume que ninguém sente culpa, como alguém poderia ser um pecador? A cultura moderna nos responde: as pessoas são vítimas. Vítimas não são responsáveis pelo que fazem, elas são conseqüência do que lhes acontece. Sendo assim, toda falha humana deve ser descrita nos termos de como o criminoso foi vitimado. Todos deveríamos ser suficientemente "sensíveis" e "compassivos" para perceber que os próprios comportamentos que eram rotulados de "pecado" são na verdade evidências da vitimização.

 
No que concerne à sociedade, a vitimização adquiriu tanta influência que praticamente não existe mais esta coisa de pecado. Qualquer um pode esquivar-se da responsabilidade de seu erro, bastando para isso colocar-se na posição de vítima. Isso mudou radicalmente a maneira da,, nossa sociedade considerar o comportamento humano.

 
Em Nova York, durante um assalto, um ladrão foi baleado pelo proprietário da loja que estava assaltando e ficou paralítico. Mais tarde ele processou o proprietário da loja que havia atirado nele. Seu advogado argumentou que, antes de mais nada, o ladrão deveria ser visto como uma vítima da sociedade, levado ao crime pelas suas desvantagens econômicas. Agora, disse o advogado, ele foi vítima da insensibilidade do proprietário que havia atirado nele. Por causa da insensibilidade daquele homem, que aproveitou-se de uma situação de descuido do ladrão, que era uma vítima, o pobre criminoso estará confinado a uma cadeira de rodas pelo resto da vida. Ele merece alguma compensação. O júri concordou. O dono da loja pagou uma grande soma de dinheiro. Meses depois, o mesmo homem, ainda na cadeira de rodas, foi preso quando cometia outro roubo à mão armada.

 
Bernard McCummin explorou semelhante vitimização até se tornar um homem rico. Depois de assaltar e golpear um idoso no metrô, McCummin levou um tiro enquanto fugia do local do crime. Paralítico para sempre, processou as autoridades de Nova York e ganhou a causa, tendo recebido quatro milhões e oitocentos mil dólares. O homem que foi roubado — um canceroso — ainda paga as contas do médico. McCummim, o assaltante que o tribunal considerou como a maior vítima, é hoje um multimilionário.

 
Na Inglaterra, em dois casos distintos, uma garçonete que esfaqueou uma mulher até a morte durante uma briga de bar, e outra mulher furiosa que jogou seu carro contra seu amante, foram absolvidas de assassinato depois que alegaram que estavam com a mente aturdida por causa da tensão pré-menstrual (TPM), o que as havia levado a agir de modo descontrolado. s duas, em vez de receberem uma punição, estão fazendo terapia.

 
Um inspetor da cidade de São Francisco alegou que assassinou seu colega de trabalho, o inspetor e Prefeito George Mascone, porque o excesso de caloria na comida - especialmente Hostess Twinkies [tipo de bolo recheado de baunilha e muito doce (N.T.)] o fez agir irracionalmente. Assim nasceu a famosa defesa "Twinkie". "Um júri indulgente aceitou a argumentação e deu o veredito de homicídio culposo em vez de assassinato." O júri decidiu que o excesso de caloria na comida resultou na "diminuição da capacidade mental", o que abrandou a culpa do assassino. Ele saiu da prisão antes que o mandato do prefeito seguinte terminasse.

 
Integrantes de uma gangue de desordeiros em Los Angeles surraram Reginald Denny quase até a morte diante das câmeras da TV. O júri os condenou à pena mínima depois de decidir que eles foram levados pelo calor do momento e, portanto, não eram responsáveis pelos seus atos.

 
Atualmente, nos Estados Unidos, teoricamente, é possível cometer o crime mais monstruoso e safar-se sem problemas; basta alegar um distúrbio emocional ou mental, ou então inventar uma angústia qualquer para explicar porque você não é responsável por aquilo que fez.

 
Um traficante e viciado em cocaína de Bronx atirou diretamente na cabeça de oito crianças e duas mulheres, porém foi inocentado do homicídio. Em "Nova York, o seu crime foi considerado o maior crime em massa desde 1994. Mas os jurados entenderam que as "drogas e o estresse explicavam razoavelmente o seu ato". Disseram que "ele havia agido sob extremo estresse emocional e influência das drogas" — assim, consideraram-no culpado num grau menor, o que levou a uma sentença leve.

 
Os criminosos não são os únicos que usam desculpas para livrarem-se das conseqüências dos seus erros. Milhões de pessoas, de todas as camadas sociais, estão usando táticas semelhantes para se desculparem por seus atos ruins.

 
Michael Deaver, subchefe dos auxiliares de Ronald Regan, não reconheceu sua culpa por juramento falso, alegando que o álcool e as drogas haviam debilitado sua memória. Ele admitiu que "estava bebendo secretamente um quarto de garrafa de uísque por dia" enquanto trabalhava na Casa Branca. O juiz, pelo menos em parte influenciado pelo argumento, deu a Deaver apenas uma suspensão.''

 
Richard Berendzen, presidente da Universidade Americana em Washington, D.C., foi pego dando telefonemas obscenos para mulheres. Alegando-se vítima, por ter sofrido abusos sexuais na infância, Berendzen foi apenas suspenso, mas depois negociou uma indenização de um milhão de dólares com a universidade. Escreveu um livro sobre sua provação e explicou que os telefonemas obscenos eram seu método de "coletar informações". O livro recebeu elogios exagerados no Washington Post e no USA Today.

O Que Calvino Fez com Relação à Educação? Palestra para Jovens Universitários Parte II


Vale a pena consultar primeira parte desse estudo Sobre Calvino e a Educação
No período que antecedeu a Guerra Civil nos Estados Unidos, os reformados que para lá tinham ido, partindo da Europa, haviam construído dezenas de colégios e universidades. E isso numa época de poucos recursos financeiros e econômicos.
Não podemos deixar de citar que muitas das maiores e melhores universidades do mundo foram fundadas por reformados. A Universidade Livre de Amsterdam, por exemplo, uma das melhores do mundo, foi fundada em 1881 pelo reformado holandês Abraão Kuyper, que mais tarde se tornou Primeiro Ministro da Holanda. A princípio, a universidade era aberta somente aos cristãos reformados e financiada por doações voluntárias. Mais tarde, em 1960, abriu-se ao público em geral e passou a ser financiada como as demais universidades holandesas, embora ainda retenha as suas tradições e valores reformados.
A Universidade de Princeton, também considerada uma das melhores do mundo, foi fundada em 1746 como Colégio de Nova Jersey. Seu fundador foi o governador Jonathan Belcher, que era congregacional, atendendo ao pedido de homens presbiterianos que desejavam promover a educação juntamente com a religião reformada. Atualmente, é reconhecida como uma das mais prestigiadas universidades do mundo, oferecendo diversas graduações e pós-graduações, bem como, mais notavelmente, o grau de Ph.D. Está classificada como a melhor em muitas áreas, incluindo matemática, física e astronomia, economia, história e filosofia.
A famosa Universidade de Har vard foi fundada em 1643 pelos reformados, apenas seis anos após a chegada deles na baía de Massachussets, nos Estados Unidos. Sua declaração quanto à missão e propósito da educação, sobre a qual Harvard foi erigida, foi redigida da seguinte maneira:
Cada estudante deve ser instruído e impelido a considerar corretamente que o propósito principal de sua vida e de seus estudos é conhecer a Deus e a Jesus Cristo, que é a vida eterna (João 17.3). Conseqüentemente, colocar a Cristo na base é o único alicerce do conhecimento e do aprendizado sadios.
A Universidade de Yale, uma das mais antigas universidades dos Estados Unidos, foi fundada na década de 1640 por pastores reformados da colônia recém-estabelecida, que desejavam preservar a tradição da educação cristã da Europa. Essa é a universidade americana que mais formou presidentes dos Estados Unidos. Seu alvará de funcionamento concedido em 1701 diz:
...que [nesta escola] os jovens sejam instruídos nas artes e nas ciências e através das bênçãos do Todo-Poderoso sejam capacitados para o serviço público, tanto na Igreja quanto no Estado.
Ainda hoje existem nos Estados Unidos centenas de escolas de ensino superior confessionais, associadas a instituições credenciadoras. No Brasil, os reformados trouxeram importantes contribuições para a educação, com a fundação de escolas e universidades e a influência nos meios educacionais.
Conclusão
As iniciativas pioneiras de Calvino, em Genebra, na área da educação lhe valeram, conforme destaca o historiador Philip Schaff, o título de "fundador do sistema escolar comum".   
Copiado e abreviado (com permissão) de "Calvino e Educação: Carta de Princípios 2009" (Universidade Presbiteriana Mackenzie). Colaboram para o seu conteúdo: Dr. Alderi Souza de Matos Dr. Hermisten Costa Pereira Pr. Franklin Ferreira

 

Quem Foi Realmente João Calvino e o que Ele Fez? Parte 01



João Calvino e a Universidade

Rev. Augustus Nicodemus Lopes

 
Breve Histórico de Calvino
João Calvino cursou filosofia e humanidades no Collège de Montaigu, ligado à universidade daquela cidade.
Sentiu-se atraído pelo humanismo, ou seja, a apreciação pela antiga cultura greco-romana. Dedicou-se ao estudo do latim, do grego, da teologia e dos autores clássicos, além de fazer cursos na área do direito. Através de parentes, amigos e professores, recebeu influências do novo movimento protestante, convertendo-se à fé evangélica por volta de 1533. Dedicou-se, então, ao estudo sistemático e aprofundado da Bíblia, publicando em 1536 a primeira edição de sua obra mais famosa, As Institutas da Religião Cristã. No mesmo ano, passou a residir em Genebra, na Suíça, cidade que recentemente havia abraçado o protestantismo. Após breve permanência ali, viveu por três anos em Estrasburgo (1538-1541), no Sul da Ale-manha, junto ao reformador Martin Bucer (1491-1551). Nesse período, pastoreou uma igreja constituída basicamente de franceses exilados e lecionou na academia de Johannes Sturm (1507-1589).
Em 1541, regressou a Genebra e ali passou o restante de sua vida. Em 1559, tornou-se cidadão de Genebra, publicou a edição definitiva das Institutas e fundou a Academia de Ge-nebra, embrião da futura universidade. Faleceu em 1564, aos 55 anos. Alister McGrath demonstrou, em sua biografia sobre Calvino, como o mito de "o grande ditador de Genebra" está enraizado em conceitos populares difundidos especialmente por afirmações sem fatos históricos que as apoiassem, mas que acabaram por moldar a visão de Calvino que hoje prevalece em muitos meios acadêmicos.
No aspecto religioso, Calvino é considerado o pai da tradição protestante reformada, que engloba presbiterianos, congregacionais, parte dos batistas e parte do anglicanismo. Seus seguidores ficaram conhecidos, em geral, como reformados.
Um quadro mais próximo aos registros históricos mostra que Calvino era um pastor atencioso, que visitou pacientes terminais de doenças contagiosas no hospital que ele mesmo havia estabelecido, embora fosse advertido dos perigos de contato. Além disso, tomou diversas atitudes que mudaram a vida social da cidade. Foi ele quem instou o conse-lho municipal de Genebra a afiançar empréstimos a juros baixos para os pobres. Genebra foi o primeiro lugar na Europa a ter leis especiais que proibiam: jogar detritos e lixo nas ruas; fazer fogo ou usar fogão num cômodo sem chaminé; ter uma casa com sacadas ou escadas sem que as mesmas tivessem grades de proteção; alugar uma casa sem o conhecimento da polícia; sendo comerciante, cobrar além do preço permitido ou fraudar no peso e estocar mercadorias para fazê-la faltar no merca¬do e, assim, encarecê-la (e isso se estendia aos produtores).
Assim como Lutero e outros reformadores, Calvino defendeu a educação universal para todos os habitantes da cidade.
Calvino e a Educação
Em 1536, Calvino apresentou um plano ao conselho municipal de Genebra que incluía uma escola para todas as crianças, na qual as crianças pobres teriam ensino gratuito. Era a primeira escola primária obrigatória da Europa. Em uma delas as meninas eram incluídas junto com os meninos.
Calvino tinha um alvo muito claro quanto à educação. Ele desejava que os alunos das escolas de Genebra fossem futuros cidadãos da cidade, bem preparados "na linguagem e nas humanidades", além de terem formação cristã e bíblica. O currículo que ele ajudou a elaborar tinha ênfase nas artes e nas ciências, além da ênfase nas Escrituras. Conforme nos diz Moore, "o principal propósito da universidade [de Genebra] era eminentemente prático: preparar os jovens para o ministério ou para o serviço no governo."

Essa preocupação de Calvino com a educação decorria de sua visão cristã a respeito do mundo. Entre os pontos de sua teologia que o impulsionavam à missão como educador, havia a concepção do ser humano criado à imagem e semelhança de Deus, conforme análise de Héber Carlos de Campos:
Em sua teologia sobre a imagem de Deus no homem, Calvino viu o ser humano como um ser que aprende inerentemente. Deus depositou no ser humano "a semente da religião " e o deixou exposto à estrutura total do universo criado e à influência das Escrituras. Por causa dessas coisas, qualquer homem poderia aprender, desde o mais simples camponês ao indivíduo mais instruído nas artes liberais.
FÉ HOJE
Outro ponto das convicções religiosas de Calvino era o entendimento de que todo conhecimento vem de Deus, quer seja o conhecimento "sagrado", quer seja o "profano". Calvino tinha uma visão ampla da cultura, entendendo que Deus é Senhor de todas as coisas e que, por isso, toda verdade é verdade de Deus. Essa perspectiva amparava-se no conceito da "Graça Comum" ou "Graça Geral" de Deus sobre todos os homens. Ele disse:
Visto que toda verdade procede de Deus, se algum ímpio disser algo verdadeiro, não devemos rejeitá-lo, porquanto o mesmo procede de Deus. Além disso, visto que todas as coisas procedem de Deus, que mal haveria em empregar, para a sua glória, tudo que pode ser corretamente usado dessa forma?
Calvino defendia que Deus havia agraciado todas as pessoas com inteligência, perspicácia, capacidade de entender e transmitir, indistintamente de sua fé e crença. Assim, desprezar a mente secular era desprezar os dons que Deus havia distribuído no mundo, até mesmo aos incrédulos, mediante a graça comum.
A Academia de Genebra
Não devemos estranhar que, à luz das convicções teológicas de Calvino, ele tivesse seu coração voltado para a educação da população de Genebra e da Europa em geral. Desde 1541 encontramos registros da sua preocupação diária em como dar a Genebra uma universidade. Ele desejava criar uma grande universidade, mas os recursos da República eram pequenos para isso. Assim, ele se limitou à criação da Academia de Genebra (1559), que o historiador Charles Bourgeaud (1861-1941), antigo professor da Universidade de Genebra, considerou como "a primeira fortaleza da liberdade nos tempos modernos".
No currículo, incluía-se o ensino da leitura e da escrita e cursos mais avançados de retórica, música e lógica. Conforme Campos nos diz em sua pesquisa, os alunos passavam do alfabeto à leitura do francês fluente, gramática latina e composição em latim, literatura grega, leitura de porções do Novo Testamento grego, juntamente com noções de retórica e dialética, com base nos textos clássicos. Não é sem razão que, diante de sua capacidade no latim, se dizia que os meninos de Genebra falavam como os doutores da Sorbonne.
O currículo da Academia enfocava não somente as artes e a teologia, como igualmente as ciências. Na mente do Reformador, não havia conflito entre fé e ciência na universidade. Ao contrário da visão educacional escolástica medieval, Calvino considerava que o estudo da ciência física tinha como propósito descobrir a natureza e seu funcionamento, pois Deus se revelava à humanidade por meio das coisas criadas, da natureza. Estudando o mundo, o ser humano acabaria por conhecer mais a Deus. A Academia veio a se tornar modelo para outras escolas da Europa.
A Reforma e a Educação
Os cristãos reformados, a exemplo de Calvino, dedicaram-se igualmente a promover a educação, as artes e as ciências. Nunca viram a fé cristã como inimiga do avanço do conhecimento científico e do saber humano.
Alister McGrath cita a pesquisa feita por Alphonse de Candolle sobre a participação de membros estrangeiros na Academie des Sciences Parisiense, durante o período de 1666 a 1883, os primeiros séculos posteriores à Reforma protestante. Segundo McGrath, Candolle verificou:
Os protestantes excediam em muito a quantidade de católicos. Tomando como base a população [de Paris], Candolle estimou que 60% dos membros [da Academie] deveriam ter sido católicos, e 40%, protestantes; as quantias reais acabaram por ser 18,2% e 81,8%, respectivamente. Embora os calvinistas fossem consideravelmente uma minoria, na parte Sul dos Países Baixos, durante o século XVI, a vasta maioria dos cientistas naturais dessa região foi proveniente desse grupo.

 
A mesma pesquisa mostrou que, na composição primitiva da Royal Society de Londres, a maioria dos seus membros era composta de reformados. Tanto as ciências físicas quanto as biológicas foram influenciadas fortemente pelos calvinistas durante os séculos XVI e XVII. Todos esses pesquisadores e cientistas, por sua vez, haviam sido influenciados pela Reforma Protestante, especialmente pela obra de João Calvino.
Na área da educação, especificamente, destaca-se a obra de João Amós Comênio, um morávio que recebeu influência reformada em sua educação. Em 1611, ingressou na Universidade de Herborn, em Nassau, um dos centros de difusão da fé calvinista, sendo aluno do teólogo calvinista Johann H. Alsted (1588-1638). Em 1613, foi admitido na Universidade de Heidelberg (Alemanha), onde estudou teologia. Aqui também havia forte influência calvinista. Comênio ficou conhecido por sua obra Didática Magna, publicada há 300 anos. Produziu, além disso, uma obra vastíssima ligada especialmente à educação (mais de 140 tratados). Sua obra Didática Magna é considerada o primeiro tratado sistemático de pedagogia, de didática e de sociologia escolar. Nessa obra, Comênio defende que a educação, para ser completa, deve contemplar três áreas: instrução, virtude e piedade. Sua visão educacional, influenciada pela Reforma, atinge a dimensão intelectual, moral e espiritual do ser humano.

Kyriake Hemera- Dia do Senhor- Palestra para jovens

Mais um estudo sobre Dia do Senhor

René Montarroyos


A Lei de Moisés, entre as suas prescrições mais antigas, mandava que os judeus descansassem no sétimo dia ou sábado (shabbath), dedicando-o totalmente ao Senhor (v. Ex 20,8; 23,12; 34,21). A palavra shabbath, em hebraico, significa repouso; está relacionada com sheba, sete em hebraico. Donde vemos que o conceito de sábado envolve tanto a ideia de repouso como a de sétimo dia.
 Durante sua vida terrena, Jesus se submeteu à Lei mosaica: foi circuncidado e acompanhava a sua gente na observância do sábado. Repreendia, porém, os fariseus por não entenderem bem a função desse dia. Os fariseus achavam que a observância do Sábado era um fim em si mesmo até que Jesus diz claramente para que: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (Mc 2,27); o sábado seria, pois, um meio para o homem atingir mais seguramente o grande fim de sua vida, a união com Deus; não seria um fim em si.
Consequentemente, Jesus atribuiu a si mesmo o poder de modificar ou suspender a guarda do sábado  Marcos 2:28 – “ de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.” 
Por causa disso, os doutores da Lei o incriminavam (Jo 5,9), mas Jesus respondia que não fazia senão imitar o Pai que, tendo entrado no seu repouso após criar o mundo, continuava a governar a este e aos homens (Jo 5,17). Foi, por certo, esta atitude de Jesus que inspirou aos antigos cristãos uma certa liberdade em relação ao sábado, fazendo-os compreender o espírito da observância desse dia.

Evangelho: A Nova Aliança.
Os discípulos, a princípio, continuaram a guardar o sábado. É o que se depreende das suas atitudes por ocasião do sepultamento de Jesus (v. Mt 28,1; Mc 15,42...). Mesmo depois da Ascensão do Senhor, continuavam a frequentar as reuniões de culto aos judeus aos sábados, para anunciar aí o Evangelho (At 13,14; 16,13; 17,2; 18,4). De uma maneira geral, os cristãos observavam os costumes religiosos dos judeus (cf At 2,1.46; 3,1; 10,9); somente aos poucos foram tomando plena consciência das consequencias práticas decorrentes da superação da antiga Lei pela nova – o Evangelho.
Podemos crer que Paulo, que lutava de forma dura contra os judaizantes, não tenha imposto a celebração do sábado aos cristãos convertidos do paganismo. O apóstolo chegava mesmo a acautelar os fieis contra a impregnação das ideias judaizantes: “Colossenses 2:16-17  6 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados,  17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.”

Por isso, em breve o primeiro dia da semana judaica, posterior ao sábado, quando Cristo ressuscitou, tornou-se o dia de culto dos cristãos ou o dia do Senhor. No ano de 57/58, por exemplo, em Trôade, na Ásia Menor, os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana, conforme At 20,7, para celebrar a Santa Ceia. Atos 20:7  “ No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite.”  Em 1Cor 16,2 Paulo recomenda aos fieis a coleta em favor dos pobres no primeiro dia da semana – o que supõe uma assembléia religiosa realizada naquele dia. 1 Coríntios 16:2   No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.
Isso para não nos referirmos a ressurreição do nosso Senhor que se deu no domingo
Marcos 16:9  9 Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios.
Mateus 28:1   No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
Mateus 28:5   Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado.
E depois de ressuscitado
João 20:19  19 Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!
Assim, foram transferidas para esse dia, práticas que os judeus celebravam aos sábados, como o louvor de Deus e a esmola. É muito provável que as comunidades fundadas por  Paulo tenham observado o primeiro dia da semana (dia da ressurreição de Cristo). Esse dia, dedicado à glorificação do Senhor vitorioso sobre a morte, tomou adequadamente o nome de Kyriaké heméra, dia do Senhor (ou, propriamente, dia imperial), como se depreende de Ap 1,10: “Fui arrebatado em espírito no dia do Senhor”. O grego Kyriaké heméra deu em latim Dominica dies, donde, em português, dominga ou domingo.

Examinemos agora um pouco a história: desde o século II, há depoimentos que atestam a celebração do domingo tal como foi instituída pelos apóstolos, conscientes do significado da ressurreição de Cristo. Assim Inácio de Antioquia (+ 110, aproximadamente) escrevia aos Magnésios: “Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas, chegaram à nova esperança, não observando mais o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, dia em que nossa vida se levantou mediante Cristo e a sua morte” (9,1).
Em meados do século II, encontra-se o famoso depoimento de Justino Martir, escrito entre 153 e 155: “No dia dito do sol, todos aqueles dos nossos que habitam as cidades ou os campos, se reúnem num mesmo lugar. Leem-se as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas..Quando a oração está terminada, são trazidos pão e vinho e água...Nós nos reunimos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia, aquele em que Deus transformou as trevas e a matéria para criar o mundo, e também porque Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos nesse mesmo dia “(I Apologia 67, 3.7).

Nessa passagem, Justino atesta a celebração da Santa Ceia no domingo. Chama-o “dia do sol” porque se dirige a pagãos; faz questão, porém, de lembrar que tal designação é de origem alheia, não cristã: “No dia dito do sol”. Vemos, pois, que a celebração do domingo entre os cristãos está longe de ser uma concessão aos festejos pagãos do dia do sol; nada tem de pagão, mas é nitidamente inspirada por motivos bíblicos do Antigo e Novo Testamento.

O fato de o Imperador Constantino ter preceituado, em 321, certo repouso “no venerável dia do sol” não quer dizer que ele tenha introduzido a observância do dia do Senhor entre os cristãos; esta, como vimos, data da época dos apóstolos, tendo sido apenas patrocinada por Constantino, desde  de sua suposta conversão.

Diferenças entre o Discipulo e o Seguidor

seguidor e o discípulo.
O seguidor espera pães e peixes; o discípulo é um pescador.
O seguidor luta por crescer; o discípulo luta para reproduzir-se.
O seguidor se ganha; o discípulo se faz.
O seguidor depende dos afagos de seu pastor; o discípulo está determinado a servir a Deus.
O seguidor gosta de elogios; o discípulo do sacrifício vivo.
O seguidor entrega parte de suas finanças; o discípulo entrega toda a sua vida.
O seguidor cai facilmente na rotina; o discípulo é um revolucionário.
O seguidor precisa ser sempre estimulado; o discípulo procura estimular os outros.
O seguidor espera que alguém lhe diga o que fazer; o discípulo é solícito em assumir responsabilidades.
O seguidor reclama e murmura; o discípulo obedece e nega-se a si mesmo.
O seguidor é condicionado pelas circunstâncias; o discípulo as aproveita para exercer a sua fé.
O seguidor exige que os outros o visitem; o discípulo visita.
O seguidor busca na palavra promessas para a sua vida; o discípulo busca vida para receber as promessas da Palavra.
O seguidor pensa em si mesmo; o discípulo pensa nos outros.
O seguidor se senta para adorar; o discípulo anda adorando.
O seguidor pertence a uma instituição; o discípulo é uma instituição em si mesmo.
Para o seguidor, a habitação do Espírito Santo em si é sua meta; para o discípulo, é meio para alcançar a meta de ser testemunha viva de Cristo a toda criatura.
O seguidor vale porque soma; o discípulo vale porque multiplica.
Os seguidores aumentam a comunidade em números (inchaço); os discípulos aumentam as comunidades em vidas transformadas (crescimento saudável).
Os seguidores foram transformados pelo mundo; os discípulos transformaram, transformam e transformarão o mundo.
Os seguidores esperam milagres; os discípulos os fazem.
O seguidor velho é problema para a igreja; o discípulo idoso é problema para o reino das trevas.
Os seguidores se destacam construindo templos; os discípulos se fazem para conquistar o mundo.
Os seguidores são fortes soldados defensores; os discípulos são invencíveis soldados invasores.
O seguidor cuida das estacas de sua tenda; o discípulo desbrava e aumenta o seu território.
O seguidor se habitua; o discípulo rompe com os velhos moldes.
O seguidor sonha com a igreja ideal; o discípulo se entrega para fazer uma igreja real.
A meta do seguidor é ir para o Céu; a meta do discípulo é ganhar almas para povoar o Céu.
O seguidor maduro finalmente é um discípulo; o discípulo maduro assume os ministérios para o Corpo.
O seguidor necessita de festas para estar alegre; o discípulo vive em festa porque é alegre.
O seguidor espera um avivamento; O discípulo é parte dele.
O seguidor agoniza sem nunca morrer; o discípulo morre e ressuscita para dar vida a outros.
O seguidor longe de sua congregação lamenta por não estar em seu ambiente; o discípulo cria um ambiente para formar uma congregação.
Ao seguidor se promete uma almofada; ao discípulo se entrega uma cruz.
O seguidor é sócio; o discípulo é servo;
O seguidor cai nas ciladas do diabo; o discípulo as supera e não se deixa confundir.
O seguidor é espiga murcha; o discípulo é grão que gera espigas saudáveis.
O seguidor responde talvez... o discípulo responde eis-me aqui.
O seguidor preocupa-se só em pregar o evangelho; o discípulo prega e faz outros discípulos.
O seguidor espera recompensa para dar; o discípulo é recompensado porque dá.
O seguidor é pastoreado como ovelha. O discípulo apascenta os cordeiros.
O seguidor se retira quando incomodado; o discípulo expulsa quem realmente quer incomodá-lo: “os demônios”.
O seguidor pede que os outros orem por ele; o discípulo ora pelos outros.
Os seguidores se reúnem para buscar a presença do Senhor; o discípulo vive na Sua presença pela fé em Cristo.
Ao seguidor é pregada somente a salvação pelo Sangue de Jesus; ao discípulo é ensinada Palavra para que ele transmita a outros.
Para o Seguidor o Pão e o cálice da Santa Ceia, é o Corpo e o Sangue de Cristo; para o discipulo o Pão.

A Pascoa e seu Real Sentido


O calendário registra nesta semana a Páscoa dos judeus e a dos cristãos. Ambas as comemorações tiveram a mesma origem, afastaram-se e negaram-se ao longo da história e tendem a aproximar-se novamente.

O reconhecimento da origem judaica de Jesus, agora um fato religioso indiscutível, diminuiu bastante o número daqueles que apregoavam distância e até hostilidade entre os seguidores das duas religiões.

Resquícios da Idade Média (quando se pregava, em púlpitos de igrejas, massacres contra os judeus pelo fato de estes, supostamente, beberem sangue de garotos católicos em suas ceias de Pessach, a páscoa judaica) fazem parte de um passado que quase ninguém quer reviver.

Até a velha malhação do Judas, como metáfora do judeu supostamente traidor, mudou o seu caráter. Agora os Judas de sábado de aleluia são traidores mais reais, facilmente encontráveis no mundo político.

Os judeus fazem hoje à noite uma ceia de Pessach, e tradicionalmente se diz que ela registra "a saída dos judeus do Egito", comandados por Moisés, há uns 35 séculos.

Entretanto, não foram encontradas evidências da ida ou mesmo da presença do povo hebreu no Egito, nesse período, mesmo porque ainda não havia um povo hebreu. É difícil, portanto, falar de sua saída.

Com certeza poderíamos considerar a travessia (do Egito para a Terra Prometida, da escravidão para a liberdade) um mito de criação, desses que todos os povos, nações, religiões e etnias têm.

Claro que havia um grande movimento de povos do deserto atrás do grande oásis que era o Egito, irrigado e fertilizado pelo Nilo. Por vezes eles se integravam e se diluíam entre a população egípcia, por vezes eram expulsos quando seu trabalho não mais era necessário, como ocorre com imigrantes de países pobres em nações mais desenvolvidas.

Esses povos devem ter aprendido muito com a civilização egípcia, da qual levaram cultura material e simbólica para outros lugares, como a então terra de Canaã.

Algumas tribos com esse histórico desenvolveram língua própria, cultura específica e unificaram-se em um reino, lá pelo ano 1000 a.C., sob o comando de Saul, Davi e Salomão, este poderoso o suficiente para construir o Templo de Jerusalém.

Desmandos do poder e injustiças sociais enfraqueceram as monarquias (que haviam se dividido em Israel e Judá) e propiciaram o surgimento dos chamados profetas sociais - Amós e Isaías, entre outros -, que inovaram pregando o monoteísmo ético, conjunto de valores que passaram a fazer parte do patrimônio cultural da humanidade e se encontram na própria base do judaísmo (assim como do cristianismo).

Aí voltamos para o Pessach e nos perguntamos por que essa é uma comemoração milenar.

Alguns responderão com o judaísmo institucional, que lamenta até hoje a destruição do Templo de Jerusalém e do poder monárquico, do qual os sacerdotes eram uma espécie de funcionário religioso.

Outros acenam com o judaísmo dos escribas, a letra da lei e dos seus intérpretes, que exigem rituais imutáveis.

Quem não os seguir literalmente vai "acertar suas contas com Deus nesta ou em outra vida". Esse tipo de judaísmo considera razoável uma dicotomia entre a vida cotidiana e o ritual religioso, bastando seguir este com propriedade para que os pecados, eventualmente ocorridos naquela, sejam absolvidos sem maiores problemas. E os rabis milagreiros, além dos místicos sábios, estariam aí para nos explicar "a" verdade.

O problema é que a intermediação entre o judeu e seu Deus é a negação da essência do judaísmo (o monoteísmo ético), que busca igualar todos os homens e os estimula a ler e compreender o que leram, exatamente para ter acesso à palavra divina.

Entre o templo e os escribas, fico com os profetas.

Um povo é um grupo com a consciência de um passado comum. Não é fundamental que o passado comum tenha realmente existido, basta a consciência da existência dele: ao escolher a herança judaica, cada indivíduo passa a ser depositário de um universo de valores.

Não interessa se há 3.000 anos seus ancestrais já eram judeus, não importa se ele é descendente de cázaros judaizados durante a Idade Média ou de ucranianos convertidos após 1648.

Não vem ao caso se optou por seu judaísmo há um ano ou uma semana. O importante não é a origem étnica, nem a lamentação pelo templo destruído e muito menos a prática de rituais mecanicamente executados.

A grande travessia, aquela que marcou a humanidade, foi a de um mundo aético para um mundo ético, de um olhar para si mesmo para um olhar para o outro, de uma existência solitária para uma existência solidária.

Sim, Pessach é uma travessia. Que só tem sentido se for feita na companhia de todos os irmãos de raça, a raça humana.

Sobre o autor:
Jaime Pinksy é historiador, editor e professor aposentado da Unicamp. Doutor e livre docente pela USP. Foi também professor na Unesp (Assis) e na USP. Colaborou na criação das revistas Debate & Crítica, Contexto, Anais de História e Religião e Sociedade. Concebeu e dirige a Editora Contexto . Concebeu e dirigiu a Editora da Unicamp. Foi colaborador das editoras Brasiliense, Global e Atual. Autor, co-autor ou organizador de mais de duas dezenas de livros, entre os quais História da Cidadania, As primeiras civilizações, O Brasil tem futuro? e Origens do Nacionalismo Judaico (informações colhidas no site de Jaime Pinsky).

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